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RUÍDO D´ALMA - OUVINDO O CORAÇÃO

Caros leitores, resolvemos abrir um espaço para quem gosta de sonhar e andar pelas asas da poesia e da reflexão.

Nada alimenta a alma mais do que palavras doces, sensíveis que tocam a nossa sensibilidade e o coração. Quem não precisa de poesia para tornar o dia a dia mais leve? Não serão textos longos e que exijam  parte de seu precioso tempo; tão somente “una lágrima”  diária como dizem os argentinos!

As reflexões, a poesia e pensamentos não tem limites, são universais!

 

Izaura Varella

Advogada, Professora, Pedagoga à vezes poetisa.

POMBA-AMARGOSA 

 

                        Os pássaros sempre me encantam com seu vôo rápido e assustado, pela sua leveza, e, principalmente, pela liberdade de ir e vir onde quiserem, cruzarem o espaço e levarem seu canto para outras plagas. Mas por mais que me encantem um deles, a pomba-amargosa, a Columbia pombus, tem tirado a minha paciência. Não há lugar na cidade que eu ande que um exemplar destas pombinhas não atravesse voando sobre a cabeça, e quase sempre estão próximas de nossos pés.  

                 Algo terrível está acontecendo com nosso meio-ambiente. O desmatamento desregrado acabou contribuindo para que estes pequenos pássaros cor de cinza saíssem da mata e invadissem a cidade e os campos. Principalmente os campos, onde sem dó, arrancam a semente recém-plantada, causando prejuízos razoáveis ao agricultor. E o que é pior: se reproduzem com grande facilidade, aumentando, consideravelmente o bando. 

                   Quem vai à Igreja Nossa Senhora de Fátima para participar das celebrações eucarísticas, à noite, é só levantar o olhar e poderá ver entre as os galhos das árvores, centenas destas pombinhas, parecendo de longe, frutos maduros não apanhados. Ali chilreiam, um canto soturno e sofredor, lúgubre até, como se fosse um canto de lástima e de tristeza. Elas não tem mais que 35 centímetros e não pesam mais que 250 gramas, mas conseguem incomodar um grande número de pessoas, que buscam os lugares fora  da sombras das árvores para estacionar. Aliás, elas são as grandes controladoras do trânsito, pois, estacionar embaixo delas significa sair com aquela marca registrada inconfundível. Mas o que fazer? Elas fazem parte da natureza mal cuidada e são frutos dos desarranjos dos próprios homens. Resta-me, pois, procurar o que há de bom nestas pombas-amargosas, que  possa surtir algum efeito positivo. 

                       Asssim descobri, que apesar do incômodo que nos causam estas pombas vinagres, nem são tão azedas assim. Já perceberam quando uma fêmea entra no período da reprodução, como seu canto se torna forte? E já viram a dança nupcial do macho, que revoluteia em volta da fêmea, arrulha alto, voa por cima  dela e ela acanhada finge que não quer, mas dá uma revoada pequena, para depois entregar-se inteira ao sei companheiro? Quer cena mais singela e surreal do que esta, onde os dois se amam, se acalasam, trazendo um exemplo ímpar para nós seres humanos: o casal de pomba-amargosa, depois de acasaldo, nunca mais se separam. Ele acompanha a fêmea para sempre. É fiel, é carinhoso, é amável, colaborador, ajuda, pacientemente, na confecção do ninho e ainda choca os dois ovinhos quando a fêmea sai para se alimentar. 

                         Quantas de nós mulheres gostariam de ter no quintal da própria casa um autêntico macho de pomba-amargosa. Assim seríamos felizes para sempre! 

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