Tomando Cianorte e Maringá como referências, mais de 150 e 300 candidatos a vereador respectivamente, você pode ter noção de quantas famílias e amigos irão se envolver diretamente na disputa e, nesta fase inicial, a preocupação é ter noção da quantidade de votos necessárias para conquistar uma das vagas.
Não é uma resposta fácil ou direta, mas é possível fazer previsões genéricas, sabendo que as variáveis internas, dentro de cada legenda, é que são definitivas. Vamos tentar, de maneira bastante simples, discorrer sobre este assunto em respeito à ansiedade de tantos que tentam entender a questão.
Diferente da eleição para prefeito, majoritária porque vence o mais votado, ainda que em cidades maiores isto se faça em duas etapas, para garantir ao eleito um nível de aprovação superior a 50%, a disputa para vereador é proporcional, na verdade uma disputa entre as legendas (partidos ou federações). Cada grupo destes pode colocar na lista o número de vagas mais um, portanto 24 candidatos em Maringá e 12 em Cianorte, desde que o gênero com menos nomes, geralmente o feminino, precisa ter pelo menos 30% das vagas.
As regras estabelecem um valor, chamado de “legenda”, calculado dividindo a quantidade de votos válidos pelo número de vagas. Para simplificar, vamos projetar este número em 9500 para Maringá e 3800 para Cianorte. Observe que é difícil ter uma previsão mais correta porque a referência de 2020 não é razoável porque, aquele ano, a pandemia tirou muita gente das urnas. Ainda que o eleitorado tenha aumentado relativamente pouco nestes quatro anos, e o número de vagas tenho se alterado, mais um em Cianorte e mais oito em Maringá, os valores citados. Cada vez que o partido atinge a legenda, garante a vaga para o primeiro colocado e se atingir de novo, garante o segundo colocado e assim sucessivamente.
Ocorre que com algo como 15 legendas disputando as eleições, estas contas não fecham exatas e, por isso, as vagas restantes, chamadas de sobra, são decididas pela média de votos de cada legenda, obtida pela soma de votos divididas pelo número de vereadores já eleitos. Mas agora vem uma novidade desta eleição.
Antes quem não atingia a legenda, estava fora da distribuição de vagas, mas a atual legislação coloca todos na disputa das vagas restantes, gerando um cálculo muito complexo, por falta de referencial, mas que podemos estimar para que você projete as chances do seu escolhido.
Iniciando por Maringá, com projeção de 9500 votos por legenda, acredito que apenas legendas com soma superior a 6,4 mil votos competirão pelas vagas, sendo muito provável que a marca de 7500 votos, quase 80% da legenda, seja suficiente para garantir um eleito.
Dentro das legendas, a disputa é imprevisível, mas, podemos estimar que nas legendas mais fortes, as vagas estejam destinadas a quem ultrapassar 2400 votos, e projetar que dificilmente alguém tem chances, em qualquer legenda com menos de 1400 votos.
Simplificando, se o seu candidato está em uma legenda difícil, PP por exemplo, ele só terá chances fazendo mais de 2400 votos e se ele estiver em legendas mais fracas, o piso projetado indica 1400 votos. Estes valores indicam a meta mínima destas candidaturas. Pode-se também extrapolar que, no máximo, a legenda mais votada, conseguirá eleger 4 vereadores, que exigem que a soma de seus candidatos atinja 30 mil votos, uma média elevada de 1250 por candidato. É provável que pelo menos 8 legendas consigam eleger vereadores, mas, pessoalmente, acredito que até 11 legendas podem estar representadas na Câmara.
Quando refazemos os cálculos para Cianorte, acreditamos que o número mínimo de votos para chegar à Câmara seja 700 nas legendas menores e 1200 nas mais competitivas, embora estes números sejam valores de piso e a serem ajustados pela concorrência interna.
Teremos prováveis 16 chapas concorrendo para apenas 11 vagas disponíveis, logo, no mínimo 5 não elegerão ninguém, todavia algumas legendas, PL e PSD por exemplo, devem garantir mais de uma vaga, pelo potencial de seus nomes, logo mais da metade das legendas não terão eleitos. Também considero improvável que algum partido eleja 3 vereadores.
Faça as contas comigo; a provável exigência para cada vaga em Cianorte aponta para um mínimo de 2600 votos, sendo seguro apenas se a legenda superar 3 mil votos. Logo, apenas com votação acima de 5200 votos se entra na disputa pela segunda vaga e apenas acima de 7800 permite sonhar com a terceira vaga. Como são doze candidatos, apenas uma média de 650 votos por candidato permite atingir este número, ou algum “puxador” de legenda. Acho bem improvável porque, por hipótese, acho que apenas os dois mais votados, evito nomes por enquanto, farão mais de 2000 votos.
Logo, em Cianorte, a exigência aponta para 700 votos, legenda mais fracas, e 1200 nas legendas mais competitivas. Tá garantido? Não, apenas provável, mas com 1000 votos nas menores e 1500 nas maiores, o risco é quase nulo.
Se você me lê de outra cidade, aplique uma regra prática, apenas para projeção inicial, e sem considerar o jogo interno das legendas. Se você está em uma cidade grande, com segundo turno, seu candidato é bem competitivo se atingir 1% dos votantes, já nas cidades pequenas e médias, a busca segura exige que o candidato atinja 2% dos votos.
São apenas números, metas, mas tenha em mente que apenas muito trabalho pessoal e das equipes de apoio garante vaga em uma eleição tão disputada, certamente a mais difícil de todas.
Escolha bem, seja exigente na seleção, inclusive para parentes e amigos, e, se tiver alguém que você terá orgulho de ser representado por ele, vai à luta. Eleger bons nomes é muito mais saudável do que reclamar de câmaras de baixo nível como é muito comum no país.
Faça a tua parte. Certamente é bem melhor que reclamar eternamente dos eleitos.
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