Muitas desistências depois, apenas cinco nomes se apresentam como alternativas nas eleições majoritárias de Maringá em 2024, ainda assim é necessária cautela para projeções das eleições majoritárias em Maringá. Nada se define antes das urnas fechadas, embora seja natural que as informações permitam uma leitura mais confiável e a expectativa de eleições de tiro curto sejam realmente mais intensas.
Estabelecendo 45% como o ponto de equilíbrio, está deverá ser a meta se Sílvio e, segundo números atuais das pesquisas disponíveis, será necessário que os dois principais adversários, Edson Scabora e Humberto Henrique somem pelo menos 35% dos votos para viabilizar o segundo turno.
As desistências de vários nomes importantes, a princípio favorece o candidato do PP por dois motivos; aumenta substancialmente a expectativa de vitória e reduz a possibilidade de segundo turno. Mesmo sem nenhuma definição, o pleito já consagra alguns derrotados antes das urnas.
O deputado Do Carmo, descartado pela liderança de Sergio Moro em seu partido, em ruidosa troca de acusações, embora precedido de intenso trabalho de pelo menos dois anos, sai desgastado da disputa. Foi preterido desde o início pelo prefeito Ulisses que o abrigou na administração, com amplo prestigiamento, via cargos, em especial na área da educação, em seguida o Deputado Jacovós rompeu uma parceria amplamente divulgada, optando pela carona com o líder e, finalmente, sai chamuscado por acusações graves de Sergio Moro. Sem a menor dúvida, o União ficou pequeno para ambos e, logo que possível, Do Carmo deve avaliar nova sigla. A sua disponibilidade no período eleitoral pode eliminar prejuízos na carreira legislativa.
Homero Marchese talvez tenha encerrado sua trajetória política com a desistência nesta eleição que se somam as derrotas nos pleitos mais recentes. Deixa marcas muito contundentes; inteligência muito acima da média, honestidade jamais contestada, todavia um terrível déficit de inteligência emocional que comprometeu sua caminhada. Tanto Homero quanto Do Carmo reduzem significativamente as possibilidades de suas siglas, União, Agir e Novo nas disputas proporcionais pela possível desmotivação e até desistência de alguns candidatos, embora sejam chapas bem montadas e que ainda podem garantir uma vaga para cada uma em outubro.
A vereadora Ana Lucia tomou uma decisão muito sensata, abandona uma disputa inglória e vai em busca de uma provável reeleição para a Câmara que lhe pavimente o caminho para um salto maior em 26, a bordo do seu PDT.
Evandro Oliveira, com muito menos trânsito pela frente, pode avançar algumas casas e, embora com êxito muito improvável no curto prazo, pode se credenciar para 2026 ou ainda ter uma importante participação em caso de segundo turno.
Humberto Henrique, com ótimo recall pelos excelentes mandatos legislativos (registro que estou entre os que o classificam como um dos mais brilhantes vereadores da história local), terá um trabalho imenso para enfrentar o peso da máquina municipal, o favoritismo de Silvio e o peso do número 13, ainda impregnado de intensa rejeição em todo o Noroeste do Estado. Segue, todavia, cacifado pela boa margem de votos fidelizados da esquerda que já o fazem percorrer, no mínimo, a metade do caminho necessário para a desejada vaga no segundo turno.
Edson Scabora segue subindo pequenos degraus desde o início da campanha, embalado pelo grupo da situação, embora limitado pela sensação popular de que esta segunda gestão morreu na praia. Precisa dobrar a sua margem atual, estar à frente de Humberto Henrique ainda torcer que seus concorrentes tenham bom desempenho. Resta ainda acreditar em um empenho mais efetivo do prefeito Ulisses, algo que não se viu, com a força necessária, na campanha de seu irmão Ricardo Maia.
Importante registrar que o prestígio de Ulisses não se define com o resultado das urnas, porque, em qualquer circunstância, tem caminho aberto para Brasília em 2026 e, em caso de derrota, deve ser o nome mais forte da oposição, favorecido pela adesão de Jacovós ao grupo de Ricardo Barros.
Por fim, o favorito Silvio Barros, ex-prefeito à frente em todas as pesquisas, precisa monitorar a campanha com muito mais cuidado que nas disputas de 2016, quando a sensação da vitória prejudicou sensivelmente seu desempenho. A lição foi dura e certamente a missão deverá ser exclusivamente eleitoral, sem antecipar discussões sobre o time administrativo. É hora de somar e se preparar para um ipon rápido, porque o wazari eleitoral significa um grande risco de sofrer um contragolpe.
Ainda esta semana, uma imprudente declaração acerca da saúde pública, nitidamente mau orientada, lhe valeu uma reprimenda do ex-secretário de saúde Clóvis Melo, agora candidato a vereador, que se apressou em corrigir as informações, defendendo sua base eleitoral e provocando desgaste desnecessário do candidato pepista.
Silvio precisa olhar para frente e projetar ações para a próxima gestão. O seu recall o fortalece naturalmente pela baixa avaliação da atual gestão neste segundo mandato, com este contingente eleitoral o enxergando como uma boa opção, sem precisar se expor em confronto direto.
Como se vê, ainda existem espaços para muitas ações estratégicas, com potencial para mexer no tabuleiro político, mas, como qualquer enxadrista sabe, quanto menos peças no tabuleiro, melhor para quem tem o comando do jogo.
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